Romance
junta ficção e realidade em
drama comovente durante a Era Collor
drama comovente durante a Era Collor
PATER,
livro do jornalista Márcio ABC, traz relação perturbadora entre pai, coronel do
exército, e filho, estudante cara-pintada, para compor uma cruel metáfora sobre
a história recente do país
Qual
o custo de segredos mantidos durante décadas? PATER (Giz Editorial, 192
páginas, R$ 29,90) talvez não responda objetivamente a essa questão, mas
apresenta hipóteses capazes de alterar o rumo de muitas vidas. Estabelecido
sobre a delicada relação entre pai e filho, cujas posturas se opõem de modo
radical, o livro revisita momentos da ditadura militar até desembocar nos dias
decisivos que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor.
A
primeira sessão de autógrafos será na Bienal do Livro de São Paulo, neste
sábado, dia 11, às 16h30, no estande da Giz Editorial, rua M-79, no Pavilhão de
Exposições do Anhembi. Os lançamentos em Bauru e outras cidades serão definidos
nos próximos dias. Segundo a editora, a distribuição será feita este mês para
livrarias de todo o Brasil, incluindo lojas na internet.
Situado
sobretudo na adolescência de Alexandre, o filho, PATER faz um comovente relato
de sua formação, introduzindo-o a uma vida tensa e muitas vezes assustadora,
porém rica nas experiências pessoais que o tornam uma espécie de adulto antes
da hora. Ao enfrentar dúvidas terríveis sobre o passado do pai, ele alimenta o
drama da incomunicabilidade gerado pela postura incompreensível do coronel na
relação entre os dois.
O
romance, entretanto, não se restringe ao casulo onde seus protagonistas se
fecham para viver um embate mudo e desconcertante. Em meio às transformações
políticas provocadas pelo início do governo civil depois de duas décadas de
ditadura militar, desabrocham as dúvidas, as incertezas e, logo, as
desconfianças que sobrevêm à esperança depositada no novo regime.
O
passado misterioso do pai, o coronel Santiago Neto, expõe de modo efetivo uma
ferida constantemente aberta na vida política do país. Mas é seu terrível drama
particular, a cuja origem ele só tem acesso no fim do romance, que desencadeia
os acontecimentos responsáveis pela criação de uma metáfora a respeito de nossa
história sócio-política: sem uma consciência clara sobre os dias que fundaram
sua existência, o coronel parece se encontrar inexoravelmente preso a uma
eterna crise pessoal que o faz percorrer a encosta de um abismo ameaçador,
sempre pronto a tragá-lo junto com o filho.
Trecho
Depois
de ter gritado com o pai, Alexandre subiu correndo para o quarto, onde se
trancou. A frase dita com destempero martelava sua cabeça como o badalo de um
relógio. “Quem sabe não é um castigo!”, “Quem sabe não é um castigo!”, “Quem
sabe não é um castigo!”. (...) Agora, sentindo-se culpado, não conseguia mais
suportar o peso daquelas cartas anônimas que se acumulavam no fundo de uma
gaveta. O menino as tinha na cabeça como um artista que encena o mesmo
espetáculo todos os dias. Ele as lia todos os dias. Ele precisava pegá-las
todos os dias para se convencer de que elas existiam mesmo! Quando recebeu a
terceira delas, no mês anterior, não podia acreditar em seu conteúdo. Seu pai é
um assassino, escrevera o “amigo secreto” ao encerrar a denúncia.
Sobre
o autor
Márcio
ABC
nasceu em 1964 em Lagoa Seca, bairro rural do município de Cafelândia (SP).
Formou-se jornalista em Bauru, onde mora, no ano de 1986 e a partir daí
trabalhou em todos os gêneros da profissão, passando por jornal, rádio,
televisão, revista e internet. Também de aulas de jornalismo em duas faculdades.
PATER
é seu terceiro romance. Os anteriores são PARABALA (2002) e DESRUMO (2010).
Contatos
do autor
e-mail:
marcioabc@marcioabc.com.br
Tel:
(14) 9651-4126
Arquivos
anexados
- Foto do
autor com a cachorra Nina, de sua filha, que está na orelha do livro
(Arquivo pessoal)
- Capa do
livro
- Convite
para o primeiro lançamento, que será realizado na Bienal de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário