quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Arnaldo Antunes mostra seu lado “Iê Iê Iê” no SESC Bauru

O SESC Bauru dentro de sua proposta de ampliar o acesso a todas as formas de arte, traz esta semana mais um grande show.

Desta vez marca presença em Bauru o músico Arnaldo Antunes, com seu mais recente trabalho “Iê Iê Iê”, o décimo disco de sua discografia solo, lançado em março de 2009.

Arnaldo Antunes revitaliza o estilo que marcou toda uma geração, passando pela surf music, pelo twist e pela jovem guarda. Ele brinca com os clichês que envolvem o universo pop para recriar o gênero dos anos 60. "É todo um conceito de cultura pop, das histórias em quadrinho, das músicas no rádio, dos programas de auditório. O cenário do show, por exemplo, é um mosaico de camisetas penduradas com várias estampas, como Pelé, Che Guevara, Mickey, Coca-Cola", adianta.

De acordo com Arnaldo, Iê Iê Iê busca relembrar o conceito do gênero, mas sem ser um resgate saudosista. "É um disco meu, que revitaliza o estilo numa linguagem mais contemporânea. É, acima de tudo, o iêiêiê do Arnaldo Antunes", conta.

Diferente de seus trabalhos anteriores, o novo disco se apóia numa formação mais tradicional e mais dançante. Das 12 faixas que compõem o registro de Arnaldo, 11 são parcerias com outros artistas, como os amigos Tribalistas Marisa Monte e Carlinhos Brown. Faz parte do trabalho composições antigas da época em que o músico integrava os Titãs, que permaneceram inéditas até hoje, como é o caso de "Luz Acesa", escrita com Sergio Britto e Marcelo Fromer, que morreu em 2001. O disco tem produção assinada por Fernando Catatau, o homem por trás do Cidadão Instigado. Para a gravação de "Iê Iê Iê", Arnaldo teve a companhia de Chico Salem (violão e guitarra), Betão Aguiar (baixo), Marcel Jeneci (teclados), Edgar Scandurra (guitarra) e Curumim (bateria), os mesmos nomes que o acompanham nos palcos.

Iê iê iê por Arnaldo Antunes Iê iê iê é uma palavra que não está no dicionário, mas todo mundo sabe o que significa. Música jovem de uma época, com seu repertório de timbres, trejeitos, colares, carros e cabelos, o termo traduz um estilo que parece ter ficado parado no tempo, como se fosse um nome que se dava ao rock'n roll antes dele se chamar rock'n roll. Uma espécie de proto-rock, que se desdobrou em muitos afluentes de tendências e fusões. Citado pelos Beatles em She Loves You (yeah yeah yeah) e por Serge Gainsbourg em Chez Les Ye Ye Ye, a expressão caiu na boca dos brasileiros para nomear a música da Jovem Guarda, motivando, na época, entre as mais diversas reações, os ternos versos de Adoniran Barbosa: "Eu gosto dos meninos desse tal de iê iê iê / Porque com eles canta a voz do povo / E eu que já fui uma brasa / Se assoprar eu posso acender de novo". A decisão de chamar esse disco de IÊ IÊ IÊ veio antes da sua feitura. Eu, que, em geral, decido os títulos só depois dos trabalhos concluídos, sabia dessa vez, desde o início, que queria fazer um disco de iê iê iê, chamado IÊ IÊ IÊ. Um pouco pelo sabor das coisas que vinha compondo, um pouco pelo desejo de voltar a uma sonoridade mais dançante, depois de dois discos (um de estúdio, QUALQUER, e outro ao vivo, também registrado em DVD, AO VIVO NO ESTÚDIO) gravados com uma formação mais leve, apenas com instrumentos de cordas (violões, guitarras, baixo) e piano (substituído no AO VIVO por teclados ou sanfona); sem bateria nem qualquer instrumento de percussão. Um tanto por temperamento, mas também por herança tropicalista, sempre fiz discos marcados pela diversidade e pela mistura, livres da idéia de "gênero musical". Talvez por isso mesmo (pelo desafio de fazer algo diferente), quis que essa minha volta a um som de banda com bateria, tivesse uma face mais coesa. Cheguei assim ao desejo de fazer um disco de gênero, com possíveis variações rítmicas, mas mantendo um campo de referências no que podemos chamar de iê iê iê. Não por saudosismo, mas pelo anseio de revitalizar o estilo, numa linguagem mais contemporânea e com letras que tentam incorporar novas questões e pontos de vista a ele. As referências são muitas: Surf Music, Jovem Guarda, a primeira fase dos Beatles, trilhas dos filmes de faroeste, o twist, Rita Pavone, programas de auditório e todo um repertório da cultura pop que se traduz em canções contagiantes e de apelo direto. Gosto da idéia de dar a um disco o nome de um gênero. Lembro do Rock'n' Roll, de John Lennon, que me marcou fortemente. Mas, ao passo em que ele abordava uma modalidade musical que continuou existindo, mudando e se atualizando, seu repertório apresentava clássicos, relidos com emoção e verdade na voz de Lennon. Já IÊ IÊ IÊ não é um álbum de releituras, mas de canções inéditas, a maior parte delas feita recentemente (por mim, com alguns parceiros como Marisa Monte, Carlinhos Brown, Liminha, Paulo Miklos, Branco Mello, Ortinho, Betão Aguiar e Marcelo Jeneci, entre outros), dentro desse estilo, ou ao menos concebidas como algo próximo a ele, nas melodias, timbres, ritmos e vocais. Para amarrar ainda mais o conceito, compus, com Marisa Monte e Carlinhos Brown, a faixa-título, que abre o disco apresentando um refrão que repete a expressão "iê iê iê".

Gravamos todo o disco com uma mesma banda, formada pelos músicos que já vinham me acompanhando nos trabalhos anteriores --Chico Salem (violão e guitarra), Betão Aguiar (baixo) e Marcelo Jeneci (teclados) -- somados a Edgard Scandurra na guitarra e Curumim na bateria. Todos também responsáveis pelos vocais, que têm presença marcante no disco. Para produzir, convidei Fernando Catatau, cujo trabalho na banda Cidadão Instigado tem muita afinidade com o tipo de sonoridade e timbragem que eu estava buscando. Catatau deu sugestões muito originais para o som e contribuiu inventivamente para os arranjos, além de tocar algumas guitarras e participar dos coros. Não poderia deixar de mencionar a importância do competente Yuri Kalil, nosso engenheiro de gravação e mixagem, que também soube, em seu estúdio Totem, criar um ambiente onde nos sentíssemos inteiramente em casa. E de outros músicos que participaram especialmente em algumas faixas: Régis Damasceno, Clayton Martin, Lana Beauty e Michele Abu. Para mim, esse disco tem ainda um gosto de retorno a algo do início de minha carreira, quando formamos os Titãs, que nos dois primeiros anos de existência tinham o nome de "Titãs do Iê Iê".

Contato:(11) 2506 8289 – Fabiana Sanchez

Serviço:SESC apresenta show com “Arnaldo Antunes” nesta quinta-feira, dia 12, às 21h30. Ginásio de Eventos. Ingressos à venda a partir do desta terça (3/8): R$ 5,00 trabalhadores do comércio de bens e serviços matriculados e seus dependentes, R$ 10,00 usuário, estudantes, professores da rede pública, maiores de 60 anos e R$ 20,00 demais interessados. O SESC fica na Av. Aureliano Cardia, 6-71. Mais informações pelo telefone (14) 3235-1750 de terça a sexta, das 13h às 21h30, sábado, domingo e feriado das 9h30 às 18h

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