quinta-feira, 15 de setembro de 2011

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO HJ NA ESTRÉIA NA SEGUNDA TEMPORADA DO SANGUE LATINO NA TV CULTURA


Nunca vivi plenamente a juventude. Talvez eu fosse melhor se tivesse sido um jovem menos intelectualizado”

Fernando Henrique Cardoso é o entrevistado de estreia da segunda temporada do Sangue Latino, que a TV Cultura passa a exibir a partir desta quinta-feira (15/9)

São Paulo, 14 de setembro de 2011 – É num tom de conversa entre amigos, com perguntas que mais sugerem reflexão do que respostas estritamente objetivas, que estreia, nesta quinta-feira (15/9), a segunda temporada do programa Sangue Latino, na TV Cultura. Irá ao ar todas as quintas, às 23h.

O entrevistado de honra é Fernando Henrique Cardoso. No bate-papo com o apresentador Eric Nepomuceno, o ex-presidente da República fala de solidão, perdas, fantasmas, revolução cubana, frustração e, numa escala menor, política.

A conversa começa no campo pessoal, com FHC mensurando o tamanho da sua solidão: “É grande. Primeiro: não é a solidão no sentido de estar cercado por pessoas. Aliás, está o tempo todo. Mas é que você tem que ser muito reservado em muitas ‘matérias’, porque tudo o que se fala circula, e, no geral, deturpam. E segundo, porque certas questões no poder são suas e você não tem com quem conversar”.

Sobre seus fantasmas, é enfático: “Tenho horror à violência. Não suporto maltrato. Fico fora de mim”.

No campo da política ideológica, volta aos tempos em que a América Latina era social e politicamente mais próxima, e evidencia Cuba como um exemplo muito significativo para sua geração: “Era o pequeno contra o grande [Estados Unidos]. E Cuba conseguiu”, conclui fazendo alusão à revolução cubana.

Diante da pergunta “como você será lembrado pelo Brasil?”, diz “não estou seguro num longo prazo de ser lembrado. Agora, num prazo mais curto, pode ser que haja uma lembrança mais óbvia, a da estabilização da economia. Mas não é a que eu mais prezo. A que eu mais prezo é que fui um democrata”.

FHC é equilibrado ao falar das suas perdas: “Posso me queixar. Perdi pai, perdi irmão, perdi, mãe, perdi mulher, perdi amigos. Mas todos vamos perder [...] A vida me tirou porque sou um sobrevivente”. E continua: “Como eu digo sempre ‘eu converso com os que já se foram’. Fico imaginando o que fulano, beltrano, sobretudo a Ruth, que tinha grande influência sobre mim, diriam em certas circunstâncias”.

Sobre suas frustrações, revela que nunca viveu plenamente a juventude. “Eu era um jovem envelhecido. Não fui audacioso. Talvez eu fosse melhor se tivesse sido menos intelectualizado”.

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