domingo, 17 de julho de 2011

TV Cultura: Milton Nascimento está na edição desta segunda (18) do Sangue Latino




“Não podia nem ouvir falar de Elis Regina”

Entrevistado desta segunda (18/7) do Sangue Latino, Milton Nascimento fala da dificuldade em lidar com a morte da amiga, da recusa de um almoço com o presidente da Venezuela e de como o cinema o despertou para a composição

Crooner aos 14 anos, mestre das mais complexas harmonias da música popular brasileira, homem de voz transcendente e de latinidade intensa. Milton Nascimento é o convidado desta segunda-feira (18/7) do Sangue Latino. Morte, cinema, amizade e, claro, música roteirizaram a entrevista, que aconteceu no estúdio que o músico mineiro tem em sua casa. Apresentado pelo escritor e jornalista Eric Nepomuceno, o programa vai ao ar às 20h40, na TV Cultura.

Milton Nascimento admite que a morte o desestabiliza emocionalmente, a ponto de buscar pontos de fuga, de distanciamento máximo da pessoa que morreu. Com Elis Regina, sua grande amiga e parceira musical, foi assim. “Quando Elis se foi, o (Adail) Lessa me levou para um barco pra lá do Recreio. Eu não podia nem ouvir falar de Elis Regina, (pensava) ela não podia ter feito aquilo comigo. A mesma coisa o Tom (Jobim)”.

Segundo ele, o que mais o perturba é que geralmente essas pessoas vão embora por erro médico – “como o Tom, por exemplo”, cita – ou por algo que não estava programado – “como a Elis, Cássia Eller”.

“Eu não fico feliz não. Mas depois vou reaprendendo a gostar, a sentir vida através das músicas, das letras, e aí melhora um pouco. Mas a paixão que fica aqui não sai”, finaliza.

Sul-americano desbravador e revolucionário, Milton conta a repercussão de sua visita a Venezuela quando participou de um festival de música: “Chegando no hotel, o modo como eu me vestia, as coisas que eu falava foram atraindo as pessoas, principalmente os estudantes. No dia em que saiu a letra Os Povos, eles foram proibidos de chegar 500 metros do Hotel. Eu falei ‘comigo não, vocês vão pra lá'. Aí botei todo mundo pra dentro”.

Durante a estada, recebeu um convite oficial para almoçar com o presidente do país. O que aconteceu? “Não fui. Falei 'não é ele o meu amigo, meus amigos são esses aqui (se referindo às pessoas que lá conheceu)’. Aí fui pra uma favela”.

François Truffaut foi decisivo em sua carreira. Graças a Jules e Jim, clássico da filmografia do cineasta francês, Milton descobriu-se compositor, o que se negava a fazer até então. “Um dia fomos (ele e o compositor Márcio Borges) assistir Julie e Jim. Entramos na sessão das duas horas e saímos na das 10. Aí disse ‘Vamos lá pra tua casa, eu pego o violão, você o caderno´. Compomos três músicas naquela noite”, descreve.

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