quarta-feira, 30 de junho de 2010

SESC Bauru mistura viola e rabeca no encontro entre os mestres Roberto Corrêa e Siba

O pernambucano Siba e o mineiro Roberto Corrêa são músicos que representam a renovação técnica e estética da rabeca e da viola. Para mostrar a riqueza e o virtuosismo destes instrumentos, o SESC Bauru dentro da programação especial de comemoração da tradição junina, apresenta ao público o show “Violas de Bronze”, nesta sexta-feira, às 20h30, na Área de Convivência. Siba e Roberto Corrêa sempre utilizaram instrumentos populares e, além de amigos, têm muitos interesses comuns na música, mas é a primeira vez que gravaram um disco juntos. Um trabalho autoral, só com composições próprias, mas com raízes nas tradições brasileiras pelas quais ambos são pesquisadores apaixonados. O disco “Violas de Bronze”, lançado em março no Teatro Santa Isabel em Recife, traz interpretações ao som de diversificadas violas como a caipira, a de cocho e a nordestina apoiada integralmente pela rabeca.

O encontro dos dois artistas foi selecionado para patrocínio do Programa Petrobras Cultural, que resultou neste trabalho recheado de música instrumental. “Foram oito anos até se materializar esse disco. Um trabalho pautado na fusão de estilos de instrumentistas e compositores que criaram sua própria assinatura em cima de tradições estabelecidas”, dizem os músicos. Isso pode ser conferido em faixas como a dobradinha “Caninana do Papo Amarelo” e “Jararaca Chateadeira”, de Roberto e em “Casa de Reza” e “Da Espera”, de Siba. A única faixa assinada em dupla é a que abre o disco, “Cara de Bronze”, cujo personagem é um violeiro poeta que, ruminando pensamentos na varanda da fazenda, passa a noite procurando a rima exata, coisa que Siba sempre encontra em primorosas letras, sempre ricas em imagens. Nas demais faixas, alternando temas instrumentais e canções, Siba e Corrêa versam, concreta e abstratamente, falam sobre assuntos ligados à terra, à natureza e a mistérios da existência e do universo. Roberto CorrêaDe família de violeiros, o mineiro Roberto Corrêa, assumiu sua lida: divulgar a viola caipira pelo Brasil e pelo mundo. E vem sendo reconhecido pela crítica como nosso maior representante no instrumento. Com nove discos lançados (um deles inaugurou a série Traditional Music of the World, na Alemanha), um Prêmio Sharp e apresentações que vão do Japão, China a Itália e Cuba e mais uma dezena de países, o músico tem a alma do sertão brasileiro e ponteia sua viola caipira de erudição e mistério. A carreira de violeiro, formado em Física e Música, começou em 1983, ano em que publica também o primeiro livro sobre a viola no Brasil, Viola Caipira, resultado de seus quase quatro anos de pesquisa na universidade. SibaO cantor, compositor e rabequista Siba Veloso, ex-líder da banda de forró Mestre Ambrósio - um dos ícones do movimento manguebeat nos anos 90 - vive fidedignamente a cultura popular que se propôs a tocar. Diferentemente dos colegas mangueboys, deixou de lado todas as facilidades das metrópoles onde já morou (Recife e São Paulo), para se instalar em Nazaré da Mata junto à banda que ajudou a fundar, "A Fuloresta". Leia-se o mais importante pólo de maracatu rural, em plena zona da mata pernambucana. É isso o que torna sua obra tão original quanto poética até o último acorde. Ele traduz nas letras preciosas versos inteligentes e sensíveis de sabedoria popular.

Serviço:SESC apresenta “Siba e Roberto Corrêa”, nesta sexta-feira, dia 2 de julho, às 20h30, na Área de Convivência: Grátis. O SESC fica na Av. Aureliano Cardia, 6-71. Mais informações pelo telefone (14) 3235-1750 de terça a sexta, das 13h às 21h30; sábado, domingo e feriado das 9h30 às 18h.

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